Versão Acadêmica Completa | ANEMIA.MED.BR | OSAME S³
O tratamento da anemia exige abordagem etiológica, fisiopatológica e multidisciplinar. Não se trata de corrigir apenas um número laboratorial, mas de restaurar a capacidade oxigenação tecidual, corrigir déficits específicos e tratar comorbidades associadas. Esta página fornece um panorama clínico avançado das condutas mais atualizadas para cada tipo de anemia, com base nas melhores evidências internacionais e nas diretrizes da ABHH, ASH, BSH, EHA e OMS.
| Princípio | Aplicação Clínica |
|---|---|
| Tratar a causa | Corrigir carência, cessar sangramento, tratar doença base |
| Restaurar a eritropoiese | Estimular produção com EPO, corrigir cofatores |
| Corrigir anemia sintomática grave | Transfusão conforme risco e quadro clínico |
| Evitar sobretratamento | Avaliar sempre risco-benefício (ex: ferro em inflamação) |
| Individualizar condutas | Idoso, criança, gestante, paciente oncológico |
Correção oral: Sulfato ferroso, fumarato ou glicinato – 3-6 mg/kg/dia de ferro elementar
Correção parenteral: Carboximaltose férrica, sacarato férrico, hidróxido férrico III (em intolerância oral ou perdas crônicas)
Reavaliação: Ferritina >50–100 ng/mL e IST >20% após 3 meses
Não iniciar ferro sem diagnóstico claro (risco de sobrecarga em anemias crônicas ou talassemias)
Vitamina B12:
VO: 1000–2000 mcg/dia
IM: 1000 mcg 1x/sem por 4–6 semanas, depois mensal
Ácido fólico:
VO: 1–5 mg/dia por no mínimo 3 meses
Avaliar causa da deficiência: alcoolismo, dieta, uso de metotrexato, doença celíaca, uso de omeprazol, anemia perniciosa
Tratar a doença base
Evitar ferro se ferritina >100–200 ng/mL com PCR elevada
Uso de EPO (eritropoetina):
Casos selecionados (IRC, câncer, doenças inflamatórias crônicas)
Avaliar níveis de EPO endógena e necessidades transfusionais
Imunossupressores: Antitímico + ciclosporina
TMO (Transplante Medula Óssea): casos graves <40 anos
Suporte transfusional: criteriosamente
Quelantes de ferro: deferasirox ou deferoxamina se ferritina >1000 ng/mL
Anemia falciforme:
Hidroxiureia (HbF↑)
Transfusão episódica ou programada
TMO nos casos graves
Suplementação com ácido fólico
Talassemias:
Transfusões regulares (dependentes)
Quelantes de ferro
Terapias gênicas (em estudo / uso restrito)
Imunomediadas (AIHA):
Corticoide 1–2 mg/kg/dia
Rituximabe ou esplenectomia se refratária
Enzimopatias:
G6PD: evitar fármacos oxidantes
Piruvato quinase: estudos com Mitapivat
Esferocitose:
Esplenectomia em casos refratários ou graves
Vacinação e antibioticoterapia profilática
Indicações absolutas: Hb <7–8 g/dL com sintomas ou comorbidades (IAM, ICC, AVC)
Tipo ideal: CH filtrado, fenotipado (se aloimunização)
Avaliar risco x benefício
SAMEANEMIA + PBMSIA devem ser consultados para decisões complexas
| Fármaco | Indicação | Via | Principais efeitos |
|---|---|---|---|
| Deferasirox | Politransfundidos, talassemia, SMD | VO | TGI, creatinina ↑, hepática ↑ |
| Deferoxamina | Urgência, crianças | SC ou EV | Dor local, toxicidade ocular |
| Deferiprona | Talassemia intermediária | VO | Neutropenia, hepatotoxicidade |
Luspatercepte: anemia MDS e β-talassemia
Mitapivat: deficiência de piruvato quinase
Roxadustat: anemia na DRC sem EPO
Terapia gênica (ex: Zynteglo): β-talassemia – uso aprovado na Europa/EUA
Hemograma seriado
Ferritina trimestral em politransfundidos
Função renal e hepática se uso de quelantes
Vigilância de aloimunização
Avaliação multidisciplinar conforme tipo de anemia
✅ Definir etiologia antes de tratar
✅ Avaliar contraindicações e comorbidades
✅ Monitorar resposta clínica e laboratorial
✅ Educar o paciente (adesão, dieta, medicamentos)
✅ Registrar no SAMEANEMIA todos os desfechos clínicos
O tratamento das anemias é multidimensional, progressivo e individualizado. Não existe abordagem única para todos os pacientes. A utilização de ferramentas avançadas como o SAMEANEMIA e o PBMSIA, aliados ao conhecimento técnico e ao raciocínio clínico profundo, garantem condutas eficazes, seguras e humanizadas.